A Questão Social

A Questão Social

Serviço Social - O que é?

É uma profissão de cárater sócio-politico, crítico interventivo que se utiliza de instrumental científico multidisciplinar das Ciências Humanas e Sociais para análise e intervenção nas diversas refrações da "questão social", isto é no conjunto de desigualdades que se originam do antagonismo entre a socialização da produção e a apropriação privada dos frutos do trabalho. Inserido nas mais diversas áreas (saúde, habitação, lazer, assitência, justiça, previdência, educação, etc) com papel de planejar, gerenciar, administrar, executar e assessorar políticas, programas e serviços sociais, o Assistente Social efetiva sua intervenção nas relações entre os homens no cotidiano da vida social, por meio de uma ação global de cunho sócio-educativo ou socializadora e de prestação de serviços.

O Assistente Social está capacitado, sob o ponto de vista teórico, político e técnico, a investigar, formular, gerir, executar, avaliar e monitorar políticas sociais, programas e projetos nas áreas de saúde, educação, assistência e previdência social, empresas, habitação, etc. Realiza consultorias, assessorias, capacitação, treinamento e gerenciamento de recursos; favorece o acesso da população usuária aos direitos sociais; e trabalha em instituições públicas, privadas, em organizações não governamentais e junto aos movimentos populares.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Desigualdade Social: Veja x MST

Levi Gabriel Tavares   
Carlos R. Januário      
Edvânia A. de Sousa       
Edvaldo G. de Souza   
Ângela C. Ferreira          

Resumo: O breve estudo tem como propósito demonstrar como os meios de comunicação, em particular a revista Veja tem interesses em desmoralizar movimentos em prol da luta pela justiça social, em especial pela Reforma Agrária como é o caso do Movimento dos Sem Terra. Mesmo mascarada por um discurso democrático e imparcial é perceptível os interesses da Revista em ser instrumento de manutenção da ideologia hegemônica.

Palavras chave: Veja MST, Desigualdade Social.

Abstract: The brief study aims at demonstrating how much the means of communication, especially VEJA magazine, is interested in demoralizing movements that fight for social justice, especially for Land reform as it is the case of the Landless Movement . Even masked by an impartial and democratic speech, it is perceptible the interests of the Magazine in being instrument of maintenance of the hemogenic ideology.

Key Words: Veja, MST, Social Inequality

Introdução:
Os meios de comunicação são detentores de um discurso de imparcialidade na informação. Afirmam possuir um compromisso com a veracidade das notícias. No entanto não é isto que percebemos na Imprensa Brasileira.
A revista Veja representa um destes meios de comunicação que consegue influenciar a opinião de grande parte da população nacional. Todavia esta vem se mostrando uma ferramenta de manipulação da noticia sustentando o atual estado de desigualdade social da nação. Ela vem sendo um meio de consolidar a classe hegemônica no poder, afirmando assim sua ideologia.
O presente trabalho tem o objetivo de analisar as vertentes políticas ideológicas dos meios de comunicação abordados aqui. Para isso buscaremos discernir estas vertentes ideológicas através da reflexão da reportagem em estudo.

Reportagens:

A herança do MST na Bahia
Revista Veja - 09/05/2011


No sul do estado, 3000 pessoas vivem do roubo de eucalipto, que é convertido em carvão e, depois, consumido por siderúrgicas do Sudeste


Vincícius Segalla

O sul da Bahia lidera a produção de celulose no país. Em uma área vinte vezes maior que a da capital do estado, Salvador, os gigantes Fibria, Veracel e Suzano empregam 15000 pessoas e produzem 22% da pasta de madeira nacional. Até o fim da década passada, essas três indústrias sofreram duas dezenas de ataques do MST, que destruíram propriedades e devastaram as lavouras de eucalipto. Há cerca de três anos, o MST concentrou-se em uma região mais próxima da capital – mas deixou no sul do estado um legado de saques contínuos que, agora, ameaçam a economia e o ambiente. A Polícia Militar da Bahia estima que 3000 pessoas passaram a viver do abate sistemático de árvores. A madeira abastece 4000 fomos ilegais usados para a confecção de carvão e manuseados por crianças. As tentativas das autoridades de impedir o crime não vêm surtindo resultado. Há dez dias, policiais conseguiram apreender quarenta caminhões carregados de troncos roubados da Fibria e da Suzano. Mas ninguém foi preso. “Eles têm informantes ao longo das estradas e fogem antes de chegarmos”, diz o major da Polícia Militar Ivanildo da Silva, responsável pela segurança da região. As perdas são milionárias. A Suzano teve prejuízos de 135 milhões de reais desde 2007 e a Fibria, de 13 milhões de reais só no ano passado.

A cadeia da bandidagem é complexa. Na base estão os pobres dos municípios de Mucuri, Nova Viçosa e Alcobaça, que obtêm renda de 600 reais mensais para produzir carvão ilegal para atravessadores que abastecem siderúrgicas de Minas Gerais e do Espírito Santo. Confiantes na impunidade, carvoeiros, aliciadores de mão de obra e chefes da Máfia do Carvão agem à luz do dia e procuram justificar seus crimes com o surrado discurso do problema social. “Tem muito eucalipto aqui e eu não tenho outra coisa para fazer. Roubo mesmo”, diz Robson dos Santos Lima. Toda vez que a polícia baiana apreende carvão ilegal, a quadrilha reage. Em seu mais recente aro de retaliação, os criminosos atearam fogo em um ônibus que transportava 25 funcionários da Fibria. Ameaças e incêndios são rotina. As queimadas já atingiram 19000 hectares de florestas de eucalipto. Além de lançarem no ar uma quantidade de monóxido de carbono equivalente a quatro meses de emissões da frota baiana de veículos, os criminosos impedem que as empresas explorem a madeira de maneira sustentável na fabricação de celulose.

Matéria tendenciosa da Veja ataca MST com deslavadas mentiras sobre roubo de madeira na Bahia

Rede Imprensa Livre

A revista Veja traz na edição desta semana uma matéria tendenciosa sobre o roubo de madeira no extremo sul da Bahia, que estaria afetando as indústrias de celulose.
Pela inconsistência do conteúdo e pelos ataques ao MST, está claro de quem são os interesses por trás da matéria.
A revista santifica a indústria de celulose que dizimou a agricultura familiar na região, ocupando milhares de hectares para a monocultura, que serve para exportação, sem oferecer contrapartida social e ambiental à altura dos estragos produzidos e demoniza o que restou de resistência no campo.
Os prejuízos alegados seriam milionários. A Suzano alega prejuízos de R$ 130 milhões desde 2007 e a Fíbria (antiga Aracruz) de R$ 13 milhões só no ano passado.
A matéria não cita, mas a Veracel também já enviou à imprensa sua conta: quase R$ 9 milhões de prejuízos com as invasões do MST.
A revista Veja acusa o MST – Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – de ser o protagonista de dezenas de ataques, que teriam destruído propriedades e devastado as lavouras de eucalipto.
A falácia dos empregos
Logo no primeiro parágrafo da matéria vem a grande falácia da indústria de celulose: os gigantes Fíbria (antiga Aracruz), Veracel e Suzano empregariam 15 mil pessoas.
Aonde estariam esses 15 mil empregos? Quantos trabalhadores efetivos empregam os tais gigantes do eucalipto?

Acusações Duvidosas
Ainda de acordo com a matéria da Veja, estima-se que três mil pessoas passaram a viver do corte sistemático de árvores na região para abastecer quatro mil fornos ilegais de carvão e a atividade teria a presença de crianças.
A matéria não apura, por exemplo, denúncias do Ministério Público estadual sobre o uso ilícito da polícia pela Veracel para reprimir trabalhadores que catam sobras e pontas de eucalipto para cozinhar. Não apura a difícil relação da indústria de eucalipto com as empresas embaladoras de frutas. As caixotarias são cada vez mais prejudicadas pela falta de madeira comercializável na região.
Mas há acusação de que uma “máfia do carvão” também estaria incendiando a plantação de eucalipto como retaliação às prisões.
Mas o mais curioso é que a Veja abre mão de sua ferramenta mais poderosa, a apresentação das provas de suas acusações. Não há na matéria documentação, fotos mais convincentes, nem depoimentos contundentes que atestem a veracidade do conteúdo.
E o que é bem pior: a revista abriu mão da prática fundamental do jornalismo isento: ouvir o contraditório.

Análise dos meios de Comunicação:

“Se perco o controle da imprensa, não agüentarei
nem três meses no poder”
Napoleão Bonaparte
(SOUZA, 2004, p.51)


1.1 Revista veja
A revista Veja tem uma história em comum com a história da imprensa brasileira. A Veja é uma revista semanal brasileira, que vem sendo publicada pela editora Abril, tendo sido criada em 1968 pelos jornalistas Victor Civita e Mino Carta, é considerada pelos números de tiragens como a revista de maior circulação no Brasil.
A revista Veja trata de diversos assuntos como: cultura, política, economia, comportamento e outros. Em sua grande maioria os textos são assinados por jornalistas, porém, algumas seções da revista não são assinadas.
A respeito de sua parcialidade jornalísticas, a revista já foi alvo de alguns jornalistas como Luis Nassif e pelo próprio Mino Carta, que faz críticas acidas a Veja em sua revista Carta Capital.
Segundo o Jornalista Altamiro Borges a editora Abril faz parte de um restrito clube que domina a mídia no Brasil e que como tal não pode tolerar perder seus privilégios de classe.
O interessante é que, a editora Abril sempre manteve relações com o partido PSDB e o PFL, o primeiro é um partido que tem claras tendências neoliberais, e o segundo nunca escondeu sua proximidade com o conservadorismo oligárquico.
Uma importante informação é que em 2004 fundos de investimentos da Capital International Inc se uniram ao grupo Abril.
Portanto é inteligível concluir que a revista Veja, estando dentro de um grupo (editora Abril) que, mantém dois prepostos da Capital International (Willian Parker, Guilherme Lins) no conselho administrativo da referida editora serve a interesses que muitas vezes são “estranhos” aos interesses nacionais, portanto segue a norma neoliberal de ir em direção não da ética mais dos interesses do capital.

1.2 Site rede imprensa livre
O Site Rede Imprensa Livre é um veículo crítico, de atuação principalmente na divulgação de notícias concernentes à política, e tem como responsável Carlos Geraldo Alves.
O Site trata de outros assuntos como meio-ambiente, cidadania, direitos do consumidor etc. e se propõe a ser um instrumento crítico e de informação. Algumas matérias veiculadas no Site que são assinadas por alguns colunistas não são de responsabilidade do editor.
Este site criado em 2008, vem a ser um bom veículo de informações dentro do espaço chamado blogosfera. E até onde compreendemos tenta ser isento e imparcial, com a colaboração de colunistas independentes.
Um detalhe interessante do Site é que, além do conteúdo jornalístico, seu editor expõe algumas partes da bíblia dentro desse espaço.

2. Análise das opiniões dos meios de comunicação sobre o assunto:

“O leitor é induzido a ver o mundo não como ele é,
mas sim como querem que ele o veja”
Perseu Abramo
(ABRAMO, 2003, p.23.)


2.1. – Análise da vertente ideológica da reportagem: A herança do MST na Bahia.

O presente texto deixa transparecer óbvias e também, não tão óbvias características de conservadorismo. Em vários trechos da reportagem é possível perceber a parcialidade com que age esse veículo de comunicação (Veja), que ataca sumariamente o MST. A reportagem em questão age de forma unilateral mostrando fatos, porém, não dando direito de resposta ao MST. Além dessas alegações é inteligível entendermos uma possível afinidade entre o referido veículo de comunicação e o Estado, utilizando-se de estatísticas como esta:
“A Policia Militar da Bahia estima que 3000 pessoas passaram a viver do abate sistemático de árvores. A madeira abastece 4000 fomos ilegais usados para a confecção de carvão e manuseados por crianças. As tentativas das autoridades de impedir o crime não vêm surtindo efeito.”
Se aceitarmos essa estatística/proposição como verdadeira, onde está o Estado para propor políticas contra o desemprego e dar condições de sobrevivência a essas pessoas, além de fiscalizar, se há trabalho infantil, trabalho escravo, etc?
O texto dessa reportagem transmite aos leitores as intenções de defesa de hegemonia de grupos ligados às elites industriais, e com pleno aval do Estado.
A Resistência Campesina é tratada como quadrilha criminosa e o problema social é tratado como simples roubo.

2.2. – Análise da vertente ideológica da reportagem: Matéria tendenciosa da Veja ataca com deslavadas mentiras sobre roubo de madeira na Bahia

A matéria se coloca na posição da vertente ideológica crítica, expõe ainda a questão por trás dos interesses que as grandes indústrias de celulose possuem. A matéria explica que a agricultura familiar foi prejudicada única e exclusivamente por essas empresas que se utilizam de vasto território no interior da Bahia, mas que sua produção se dedica à exportação e que essas empresas não oferecem uma resolução digna para essa questão social.
A reportagem cita um dado importante sobre o uso ilícito da força policial pela indústria Veracel para reprimir trabalhadores, e explicita ainda que a Revista Veja não se utilizou de uma prática fundamental e ética que faz parte de qualquer jornalismo isento, ou seja, ela não dedicou espaço para as possíveis explicações do MST.

3. Estudo de Caso:

“As idéias dominantes de uma época, sempre foram
as idéias da classe dominante”
Karl Marx
(MARX e ENGEL, 2001, p.65.)


Segundo a matéria da Revista Veja:

“A cadeia da bandidagem é complexa. Na base estão os pobres dos municípios de Mucuri, Nova Viçosa e Alcobaça, que obtêm renda de 600 reais mensais para produzir carvão ilegal para atravessadores que abastecem siderúrgicas de Minas Gerais e do Espírito Santo. Confiantes na impunidade, carvoeiros, aliciadores de mão de obra e chefes da Máfia do Carvão agem à luz do dia e procuram justificar seus crimes com o surrado discurso do problema social.”

Neste trecho da reportagem do MST na Bahia é possível perceber certa ideologia condizente com a defesa dos interesses da classe elitista, com uma visão unilateral dos fatos.
A matéria trata de forma preconceituosa as classes que estão na base do sistema social acusando-as de serem criminosas.
Sabe-se que as elites neoliberais têm certa aversão sobre a problemática social.
Portanto quando o texto se refere ao surrado discurso do problema social é inteligível percebermos a hegemonia de um veiculo de comunicação que é voltado para as elites dominantes.

Conclusão:
“A elite pode até aceitar que os pobres peçam
favores ou mendicância, mas jamais aceitará que
eles se organizem para exigir seus direitos”
Plínio de Arruda Sampaio
(STEDILE e FERNANDES, 1999, p.113)


A maneira usada pela Revista Veja em abordar a questão envolvendo o Movimento dos Sem Terra é mais um capítulo da longa história entre eles.
A Revista através dos fatos omitidos e manipulados na reportagem revela sua imparcialidade e seu estreito vínculo com os interesses da classe burguesa.
Ela mais uma vez expressa sua aversão a tudo aquilo que se constitui em uma ameaça aos interesses dos poderosos deste país.
Portanto fica claro que ela deixou de lado a ética jornalística e o compromisso com a veracidade das informações passando a veículo de manipulação de massas, disseminando na sociedade os interesses das elites, sustentando-as desta forma no poder.
É desta forma que fazem com que grande parte da população permaneça na alienação e deixe de reivindicar seus direitos. Além de transmitir uma imagem negativa dos movimentos que lutam por justiça social, manipulando a opinião pública para consolidar-se no poder e impedir a tão sonhada Reforma Agrária.




Bibliografia:

MINISTÉRIO DA FAZENDA. A herança do MST na Bahia. Disponível em: Acesso em: 25 maio 2011.
REDE IMPRENSA LIVRE. Matéria tendenciosa da revista Veja ataca MST. Disponível em: . Acesso em: 25 maio 2011.
NASSIF, L. O caso de Veja. Disponível em: Acesso em: 13 jun. 2011.
BORGES, A. A podridão da revista Veja. Disponível em: . Acesso em: 13 jun. 2011.
ADITAL. Brasil - Revista Veja: laboratório de invenções da elite. Disponível em: . Acesso em: 13 jun. 2011.
BORGES, A. Racistas controlam a revista Veja. Disponível em: . Acesso em: 13 jun. 2011.

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